A reportagem a seguir pode conter gatilhos para quem ansiedade, depressão e desejos de suicídio. O Portal Futuro Livre quer que você, primeiramente, se sinta bem para ler a reportagem. Caso não ne sinta confortável, e precise de ajuda, ligue para 188, número oficial do CVV, o Centro de Valorização da Vida.
Também existe o Projeto Help, que está presente através do Instagram: instagram.com/help.fju
A seguir:
Relatos, momentos, significados. Tallyta Pavan fala abertamente sobre ansiedade
Tallyta Pavan, de 22 anos, é uma jovem que tem muitas coisas a contar sobre ansiedade. Ela aceitou falar com o Portal Futuro Livre. Leia na íntegra:
Quando percebeu que tinha crises de ansiedade?
Comecei a ter crise de ansiedade por volta de 2017, por outro motivo, mas por conta disso foi mais fácil diagnosticar que eu estava tendo uma crise no trabalho. Percebi e tive uma crise bem grande quando precisei resolver problemas que precisavam de aprovação antes e já tive uma crise bem forte quando um cliente em questão menosprezou meu trabalho de forma agressiva e insultuosa. Os sintomas que mais tenho são falta de ar, o corpo tremendo, o raciocínio acelerado e até mesmo tontura, visão turva.
Ouviu que as coisas que sofre é "frescura"?
Sim. Ouvi que era para chamar atenção. Um dos possíveis sintomas é tontura e ao mesmo tempo a pessoa pode ter agitação. Já ouvi me falarem que a tontura era porque não comi direito, mas eu estava passando por um momento muito pesado no trabalho, então eu consegui diagnosticar antes que piorasse. No momento estou rodeada de pessoas que entendem sobre ansiedade e me ajudam a passar pelas crises sem julgamento algum.
Imagem: Tallyta Pavan
Pessoas relatam que pedirem para elas "se acalmaram" durante uma crise de ansiedade não ajuda. Isso também acontece com você? Você precisa "se acalmar" sozinha? Como é a ajuda destas pessoas que estão contigo nestes momentos?
Eu acabei morando um período sozinha, depois que perdi a minha mãe, então eu tive que me obrigar a aprender a controlar toda essa situação. No começo era muito difícil, excesso de choro, corpo tremendo e dificuldade de respirar, mas aos poucos eu percebi: Falar 'fique calma' realmente não ajudaria. Agora que tenho apoio de pessoas ao meu redor, a abordagem é diferente, eles sugerem coisas como 'respira comigo até 3' ou me mostram coisas que sabem que vão me acalmar e acalmar minha mente para que eu pense de forma mais correta. A ajuda também vem a calhar.
Tallyta, teve medos das crises em algum momento?
Tive! No começo era muito complicado de regular a respiração, então eu acabava ficando com medo e isso só piorava a situação, principalmente por eu morar sozinha na época.
A sua ansiedade acarretou em depressão ou desejo de suicídio?
Por conta da perda de um parente querido, os pensamentos pesados e perigosos começaram a surgir sim, junto com a falta de força de vontade de continuar. Todo o processo foi muito complicado, mas acredito que a ansiedade foi o sintoma do luto que persistiu mais, acredito que os pensamentos ruins, o desânimo e o quadro pré-depressivo deixou a ansiedade como sequela.
Tallyta, você faz terapia?
Já fiz sessões com psicóloga, mas não cheguei a fazer terapia a longo prazo.
Tallyta, tem algo que queira falar aqui? Algum recado para as pessoas com ansiedade?
A ajuda sempre é bem-vinda. É ótimo ver amigos e familiares ajudando em momentos como esse, mas nada substitui o diagnóstico e o tratamento que um profissional da área pode fazer. Sinto que psicólogo e psiquiatra ainda são um tabu para assuntos como esse. Mas é necessário dizer que, por mais que a pessoa ache que 'superou e controlou sozinho', um profissional pode fazer com que você supere e entenda a situação mais fácil e mais rápido. Se você tem ansiedade e está receoso de pedir ajuda mas tem o pensamento 'eu não quero ser fraco', não se preocupe.
A pessoa que aceita e procura ajuda é a mais corajosa que existe.
É com esta frase que encerramos a reportagem: Relatos, Momentos, Significados.