O recente debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), na Band, na noite desta segunda-feira, 14, foi marcado por discussões acirradas, sobretudo em torno do apagão que afetou a cidade. Boulos aproveitou o evento para criticar a gestão municipal, afirmando que a prefeitura estava omissa durante a crise. Segundo ele, a falta de ação rápida de Nunes teria agravado o impacto do apagão, enquanto o prefeito jogou a responsabilidade para a Enel, concessionária controlada pelo governo federal, isentando a administração municipal de falhas diretas.
Essa estratégia de Boulos era claramente uma tentativa de capitalizar o descontentamento popular com a crise energética, uma questão que mobilizou amplos setores da população. Entretanto, Ricardo Nunes rebateu habilmente, não apenas explicando as medidas tomadas pela prefeitura, como também destacando que a responsabilidade pela gestão da Enel é federal, o que diluiu o ataque de Boulos. A atuação de Nunes nas redes sociais também reforçou sua narrativa de que ele estava empenhado em resolver os problemas gerados pelo apagão, incluindo críticas diretas à concessionária por suposta lentidão nas respostas à crise.
O ponto alto, no entanto, não foi o conteúdo do debate, mas um gesto simbólico. No meio do confronto verbal, Ricardo Nunes surpreendeu a todos ao dar um abraço em Boulos. Esse gesto inesperado mudou a dinâmica do debate.
Nunes demonstrou uma postura conciliadora, conseguindo desarmar o tom de crítica acentuada de Boulos e, ao mesmo tempo, gerando um momento que ressoou emocionalmente com os eleitores. O abraço foi visto como um símbolo de maturidade política e capacidade de diálogo, atributos valorizados em momentos de polarização acentuada. Na percepção pública, esse gesto ajudou Nunes a transmitir uma imagem de liderança sólida e empática, contrastando com o ataque mais direto de seu oponente.
Ao final, a combinação da defesa convincente sobre o apagão e o gesto de aproximação com Boulos deram a Nunes uma vantagem notável no debate. Enquanto Boulos tentou usar o apagão como ferramenta para enfraquecer o prefeito, foi o ato de Nunes que ficou marcado como o ponto decisivo daquela noite.
Com isso, Nunes saiu do debate fortalecido, utilizando não apenas argumentos, mas também a inteligência emocional para consolidar sua posição na disputa eleitoral.
A imagem que ilustra este artigo é de Felipe Marques/Zimel Press/Estadão Conteúdo